“Era só um grito. Mas era o grito dele.
O grito do gol de domingo, sempre mais alto que todos.
O que fazia a casa inteira tremer por um segundo e, no mesmo instante, dar risada.
Mas depois do AVC, ele olhava para a TV como quem queria gritar… e não conseguia.”
O que é afasia?
A afasia é uma condição que pode surgir após um AVC, causada por uma lesão em regiões do cérebro responsáveis pela linguagem.
Mas, para quem convive com ela, não é apenas uma palavra médica.
É a ausência de uma voz, de um conselho, de uma gargalhada, de uma bronca até.
É perder o som que fazia parte da identidade de alguém.
Como uma lesão cerebral tira isso de uma família?
O cérebro é o que transforma pensamento em palavra.
É ali que ideias viram sons, frases, gestos, entonação. Quando um AVC afeta essas áreas, algo se rompe — não a vontade de se comunicar, mas a capacidade de expressar ou entender.
E, de repente, um pai que ensinou a escovar os dentes, sem dizer uma palavra, pode se ver tentando falar “escova” e dizendo “chave”.
Ou nem dizendo nada.
Mas com o olhar de sempre.
A dor do silêncio não está só em quem não fala. Está em quem ouve o silêncio de quem sempre falou.
A fonoaudióloga explicou: “é afasia”.
A filha entendeu: “é ausência”.
A afasia pode afetar:
- A expressão: a pessoa sabe o que quer dizer, mas não consegue colocar em palavras.
- A compreensão: a pessoa ouve o que os outros dizem, mas não entende o sentido.
- Ambos: há pacientes que nem conseguem se expressar nem compreender bem o que escutam.
Mas quem é pai e quem é filho sabe:
há formas de entender mesmo sem palavras.
Você lembra quando seus filhos eram afásicos?
Sim, todos nós já fomos.
Quando crianças, tínhamos vontades e não sabíamos dizer.
Apontávamos, fazíamos sons, chorávamos.
E os pais entendiam.
Agora os papéis se inverteram.
Um pai com afasia pode voltar a se comunicar como naquele tempo.
Um gesto, uma expressão, um olhar.
Porque linguagem é mais do que palavras.
E se a voz não voltar?
A reabilitação não promete voltar a falar normalmente.
Mas promete algo maior:
retomar a comunicação.
Mesmo que seja com:
- Quadros de figuras
- Aplicativos com frases prontas
- Cadernos com letras e imagens
- Expressões faciais e gestos planejados
- Comunicação assistiva digital
- Mímica, humor e convivência real
O papel do fisiatra e da fonoaudiologia
O fisiatra é o médico da reabilitação. Ele trabalha lado a lado com o fonoaudiólogo para:
- Diagnosticar o tipo de afasia
- Solicitar exames e testes de linguagem
- Avaliar as chances de recuperação (dependendo da extensão e localização da lesão)
- Montar metas realistas e personalizadas
Essas metas podem ser:
- Voltar a fazer pedidos simples no restaurante
- Conseguir dizer o nome dos filhos
- Compreender orientações
- Identificar quando é hora de sorrir para a foto
Porque reabilitar é reconstruir o que é possível — e valorizar cada avanço.
👉 Leia também: Quando Procurar Outros Médicos Além do Fisiatra na Reabilitação Pós-AVC
Reabilitar é reconstruir pontes
A afasia tenta construir um muro entre quem sente e quem expressa.
Mas a reabilitação constrói uma ponte.
E por essa ponte, passam olhares, mãos, gestos, palavras reconstruídas e o que mais importa: relações.
💬 Prompt para IA
Meu pai teve um AVC e foi diagnosticado com afasia.
Ele consegue entender algumas coisas, mas não consegue se expressar bem.Quero entender:
- O que é afasia de forma prática?
- Como podemos nos comunicar com ele mesmo sem fala?
- Que tipos de tratamento ou adaptação podem ajudar?
Me responda de forma simples, com exemplos, e sem linguagem técnica.